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Uma aventura no Porto
7 février 2009

BOA NOITE, SENHOR SOARES

A minha irmã Florinda enxugava as lágrimas, e atirava-me com esta fala que me ensombrava o coração, «Eu não tardo a morrer, António, soarescapacita-te do que te digo, e esta minha filhinha há-de vir a ter uma madrasta, e o pai dela irá esquecer-se depressa de mim.» Eu fingia não escutar semelhantes fantasias, mas ela não se deixava iludir, e continuava, «Protege a minha menina, António, não permitas que lhe causem dano, obtém um ofício para ela, se puderes,  e guarda-me este segredo, no cós do vestido do meu casamento descobrirás um macinho de notas que fui guardando, a pensar no futuro da nossa Mimi». Eu emudecia com tais palavras, e nisto desatava a berregar a velhota na sala ao lado, «Vem já aqui, minha puta, que traiçãodo caralho andarás tu a enredar, minha cabrona, que só desejas espetar os cornos na testa do meu António, e abrir as pernas a cada burro de calças que te queira foder?»

Mário Cláudio, in Boa Noite, senhor Soares.

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