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O grande arquitecto português Álvaro Siza Vieira deu uma entrevista ao Público que foi publicada no suplemento do Público na edição do 5 de Abril de 2009 na qual confessa se ter apaixonado pela escultura e achar que era muito fraquinho do domínio que hoje o prestigiou. Álvaro fala mais de si do que propriamente da sua obra e a entrevista prevalece pela sua descontracção e dimensão confessional. Vejamos, portanto, algumas respostas dadas à Anabela Mota Ribeiro.
«O meu pai preparava as viagens, arranjava uns livros. «Vamos ver
isto.» E quando vi imagens do Gaudí, alto : «Isto interessa-me. Parece
escultura.» Visitei quase todas as obras em Barcelona e apercebi-me de que
aquilo que para mim era escultura era feito com portas, punho de portas, rodapés...
Aquilo tinha tudo o que tinha a minha casa. Simplesmente era a cantar. Tudo
relacionado. Tive um baque pela arquitectura. Mas passou. Passou porque estava
interessado na escultura e na pintura.»
«Uma vez o arquitecto Távora falou-me de um desenho do paladium em que
aparece a mão. «Você copiou isto?» «Não, nem conhecia o desenho.» Mas se calhar
vi-o. O desenhar, para um amador como eu, descontrai. Descontrai do trabalho de
arquitecto, que é de grande concentração e exigência. O Alvar Aalto, que
pintava, dizia que no desenvolvimento de um projecto, às vezes, havia um
bloqueio ; estava encravado. Deixava tudo e ia para casa pintar ou desenhar,
sem pensar naquele problema. Às vezes, no que estava a fazer, vinha a ponta da
meada da solução. Portanto, há uma conquista de espontaneidade e intuição que
complementa o trabalho racional.»
A versão portuguesa do livro Álvaro Siza –
Une question de mesure (2008). Uma colectânea de entrevistas ao mais famoso
arquitecto português realizadas entre 1977 e 2005 pelo jornalista e escritor
Dominique Machabert e pelo Arqº. Laurent Beaudouin. Edição Caleidoscópio.