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Uma aventura no Porto
21 mars 2009

Dia da Poesia com Ana Luísa Amaral

Ana_Lu_C3_ADsa_Amaral_por_Sara_Moutinho

 

   
 

Anjos   caídos 

 

  Neste palco de sol,
  de repente:
  os teus lábios:
  anjos caídos mas abençoando

  Cada curva e   tremura
  dentro do nervo exacto
  da memória

  Por esses lábios
  eu faria tudo:

  rasgava-me de   sangue
  e inocência,
  partia com as mãos vitrais
  e estrelas,
  desintregava o sol

  Já não anjos   caídos
  os teus lábios,
  mas deuses transportados
  pelos meus

 

 

 
 

Silogismos

 

  A minha filha perguntou-me
  o que era para a vida inteira
  e eu disse-lhe que era para sempre.

  Naturalmente, menti,
  mas também os conceitos de infinito
  são diferentes: é que ela perguntou depois
  o que era para sempre
  e eu não podia falar-lhe em universos
  paralelos, em conjunções e disjunções
  de espaço e tempo,
  nem sequer em morte.

  A vida inteira é   até morrer,
  mas eu sabia ser inevitável a questão
  seguinte: o que é morrer?

  Por isso respondi   que para sempre
  era assim largo, abri muito os braços,
  distraí-a com o jogo que ficara a meio.

  (No fim do jogo   todo,
  disse-me que amanhã
  queria estar comigo para a vida inteira)

 

 

 
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