Anjos
caídos
Neste palco de sol,
de repente:
os teus lábios:
anjos caídos mas abençoando
Cada curva e
tremura
dentro do nervo exacto
da memória
Por esses lábios
eu faria tudo:
rasgava-me de
sangue
e inocência,
partia com as mãos vitrais
e estrelas,
desintregava o sol
Já não anjos
caídos
os teus lábios,
mas deuses transportados
pelos meus
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Silogismos
A minha filha perguntou-me
o que era para a vida inteira
e eu disse-lhe que era para sempre.
Naturalmente, menti,
mas também os conceitos de infinito
são diferentes: é que ela perguntou depois
o que era para sempre
e eu não podia falar-lhe em universos
paralelos, em conjunções e disjunções
de espaço e tempo,
nem sequer em morte.
A vida inteira é
até morrer,
mas eu sabia ser inevitável a questão
seguinte: o que é morrer?
Por isso respondi
que para sempre
era assim largo, abri muito os braços,
distraí-a com o jogo que ficara a meio.
(No fim do jogo
todo,
disse-me que amanhã
queria estar comigo para a vida inteira)
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