RUAS DA AMARGURA
Fala-se na
possibilidade
da palavra ferir,
mas muitos
não a sabem usar
:
contando e
cantando com pseudo-imagens
herméticas ;
sentimentos alguns.
O Homem de mongil
rasgado
não interessa o pedra poeta
na
impossibilidade estética
do belo dizer
porque
o ranger dos
ossos
despidos de pele
secada pelo vento
no habitar da
calçada.
no leito de
asfalto
não interessa o pedra poeta.
Maldito
seja aquele
que não cerca a
realidade
cercando-a com o seu
material
no limiar do dia,
assistindo ao
levantar desse Homem
na negritude de
um dia branco,
sem cor.
Todos nós devemos
ser poetas no
dizer
e não no cantar
Malditos
sejam aqueles
que se dedicam à Arte de versejar
e que tenham a pretensão
de serem poetas,
em Honra de Ditosos Mestres
bengalas tortas,
toscos apontamentos
em galas
gulbenkianas.
Só lixo.
lixaria que não
pode ter a pretensa
de ser reciclada.
Pois não existem
contentores de prata.
Porque :
«a poesia é uma
realidade histórica, queiramos ou não.»
Todos nós devemos
ser poetas no
dizer
e não no cantar.
P.A