OFÍCIO CANTANTE JÁ ANDA POR AÍ, PELAS LIVRARIAS...
Temos a nóticia de que a última Súmula de Herberto Helder já está disponível nas livrarias. Glorificamos esse feito com um soneto do Sá de Miranda.
O sol é grande, caem co'a calma as aves,
do tempo em tal sazão , que sói ser fria ;
esta água que d'alto cai acordar-m'-ia
do sono não, mas de cuidados graves.
Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
qual é tal coração qu'em vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d'amores.
Tudo é seco e mudo ; e, de mesura,
também mudando-m'eu fiz doutras cores :
e tudo o mais renova, isto é sem cura! Sá de Miranda.
Porque, como já dizia Manuel de Freitas, a um Herberto Helder tudo se perdoa. No entanto, não devemos esquecer os contornos dessa estreia editorial. Viva HH, Viva Sá de Miranda, Nós e a Poesia...