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Uma aventura no Porto
12 octobre 2007

Nas nossas ruas

BRANCURA

 

De  tão longe. Saudades

 

A pálida pele

de um rosto

no qual me vejo,

e revejo

na ausência

da minha mãe.

Sombra de um Desgosto

 

P.A

 

O TEU DESTINO PODIA SER DOIS NOMES

 

Ao meu pai

 

Perguntar-me-á o leitor

porque gosto de fotografar os barcos.

Diria-lhe : «Destino»

Desembarcado

de pé descalço

em terras andaluzes

deixando o sapato

no alto mar.

Combate de uma viagem

chamada «Destino»,

seguindo as pisadas de seu pai,

Meu Pai caminhou para a vida

levado pelo vento,

buscando o azul «Destino»,

no qual perdeu a ingenuidade

de se ver crescer

menino.

Para ver crescer outros dois.

 

És feliz paí, com estes dois nomes ?

 

P.A

 

PORNO-VÍTOR

 

Profanas são as palavras

que a tua boca profere,

formaliza.

O rosto cheio,

iluminação escurecida

na bestialidade do corpo

confundindo-se na carne

no pecado da vida

Dá-lhe vigor, raiva

esperma, cuspo

nas redondezas

de uma boca cheia de amor

 

Ela poderá esquecer-se do teu nome

Teu pénis esquecer, ela não poderá.

 

P.A

 

A VOZ DUM POETA

 

memória do condestável

 

Merda da Modernidade

a tradição devora

os teus versos,

fraterno amigo,

na rima é que é

das terras trás-montanas

meus olhos, minhas pestanas

os teus versos encantam-me

mas em regueiras hás de ficar

com a caneta a montar

das rimazinhas A.B.B.A.

 

P.A

 

A RODA DEIXOU DE GIRAR

 

À Memória do meu Zézito

 

Velha,

 Só,

Metálica e fria

a roda deixou de girar...

de girar também deixou

o teu corpo doentio,

em longínquas pedaladas...

 

A velha corda

de atar

a caixa das batatas

vai-se desfilando,

desfazendo-se,

como o novelo

das linhas

que tece o meu coração

 

Sela órfã

lençol de ferrugem,

encostada na parede do alpendre,

ela mantém-se hirta,

presente,

firma, vigorosa, verdadeira

como a palavra «avô»,

dita e pensada tantas vezes

no limiar da vida morta,

espaço de reconciliação

 

Rosto secado

pela morte,

 Mas

iluminado pelo teu azul sorriso

o vento sopra

e o guiador da bicicleta move-se

a roda gira,

para,

volta a girar

e com ela a vida

 

«Onde vás Avô?

.....................................................

.....................................................

«Vou ao grémio, filho, queres vir com o avô?»

 

P.A


PASSOS EM VOLTA


Átrio de esperas,

plátanos ventosos,

de passos em volta,

mecânicos corpos nas

largas calçadas de pulmões esfriados,

de bafo fumegante,

a palavra breve

tesourada de gélidos sentidos,

concita-se.

As mãos balsamadas nos bolsos,

refogam-se

na espera duradoura

de uma boleia tardia

nas noites de inverno

da Cordoaria.

 

P.A

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